sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010




O meu coração nasceu nu,
logo em fraldas embalado.
Só mais tarde usou
poemas em vez de roupas.
Tal como a camisa que punha
levava sobre o corpo
a poesia que lera.

Vivi meio século assim
até que, sem uma palavra, nos encontrámos.

A minha camisa nas costas da cadeira
diz-me que hoje percebi
quantos anos
a decorar poemas
esperei por ti.
John Berger

Nenhum comentário: